segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ensinar é um gesto de amor

Ensinar é uma arte. Nisso tanto educadores quanto educandos concordam. O sucesso ou o fracasso de uma escola depende em grande parte dos professores e da sua arte. Mas onde estaria o segredo dessa arte? Estaria nos livros de didática, pedagogia ou psicologia? Estaria nos diplomas, certificados e especializações? Conheço professores que, sem muita formação ou recursos, realizam seu trabalho de maneira brilhante. Não que o conhecimento e os recursos didáticos não sejam importantes, mas certamente não está aí o segredo. Há pessoas que, com pouco fazem muito. Por maiores que sejam os avanços tecnológicos, nada substitui um bom professor.
Afinal, de que é feito um bom professor? Como todo artista, é feito antes de tudo de paixão, de entrega, de gostar pelo que faz. Ensinar é um gesto de amor ao próximo. Procure se lembrar de um bom professor que você já teve. Certamente, você irá identificar nele essa paixão, o gostar do trabalho, o acreditar no outro. São pessoas que nos marcaram e que iremos guardar na memória para sempre.
O papel do professor não é de fornecer respostas prontas, mas estimular seus alunos a pensarem e desenvolverem o conhecimento por meio da dúvida e da curiosidade. Desempenha, muitas vezes, papeis que vão além da sala de aula, sendo, em alguns momentos, amigo, confidente, quase pais e mães.Eles são capazes de ficar noites e finais de semana. Abrem mão, às vezes, do convívio dos filhos e cônjuges, para preparar, mais do que aulas, lições de amor e doação ao outro. Admiramos muitos escritores, músicos, artistas, mas esquecemos de que, se não fosse pela dedicação, pelo apoio e encorajamento de muitos professores, hoje não estaríamos contemplando esses frutos.
O papel do professor se assemelha ao poder do fogo que transforma o milho duro em pipoca macia. Sem o poder do fogo, o milho de pipoca continuará sendo milho de pipoca para sempre. Sem o incentivo do professor, muitos talentos se resumiriam em promessas.
Artista que é, o professor parece estar na contramão, remando contra a maré. Sem o reconhecimento merecido, ás vezes o guerreiro pensa em desistir, mas basta um sorriso, um abraço de quem realmente o conhece e sabe o seu valor para retomar as forças e continuar a jornada.
Talvez aí esteja o segredo: são mais que professores são mestres da vida.

Joyldson Gouvêa ( Psicólogo e palestrante)



Artigo publicado no Jornal Estado de Minas, Caderno D+, 04.05.2004.

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